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Seja abençoado

A Marca do Cristão

Tiago 2.19 – Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem.
Não sei quanto a você, mas todas as vezes que leio as sagradas escrituras e me deparo com este texto, sou levado a reavaliar a minha caminhada com Deus. Querido irmão ou irmã, você já parou para pensar nisto: o que nos torna diferentes de um demônio? Talvez brincando alguns dissessem: “o rabo, o tridente e os chifres!”. Minha questão aqui vai além das diferenças da constituição do ser de um homem e de um demônio. Meu ponto aqui é: quais atitudes e sentimentos diferenciam um cristão de um demônio? Vamos pensar melhor sobre esta questão.
1) Demônios creem em Deus.
Segundo o texto de Tiago 2.19, demônios não são ateus, ou seja, não são daquele tipo de pessoa que diz: “eu não acredito em Deus”. Os demônios podem até levar os homens a serem ateus, mas com certeza eles creem na existência de Deus.
Não somente isso, tais criaturas conhecem o ser de Deus pois conviveram com o criador; conhecem sua santa palavra e suas doutrinas; sabem da vontade de Deus; são capazes de formar um credo ou uma confissão doutrinária absolutamente correta em termos teológicos. Se fossem pregadores, teriam mais argumentos e melhor retórica, do que muitos dos melhores homens que já pisaram nesta terra.
Veja o que Tiago nos diz: crês tu que Deus é um só? O autor bíblico nos está levando a lembrar do coração de toda a lei:
“Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.
Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”. Deuteronômio 6.4 e 5
Em outras palavras, o que ele nos diz é o seguinte: “Vocês creem na existência de um único Deus, criador dos céus e da terra? É assim que devem fazer, pois isto é a afirmação mais central e básica de nossa fé. Isto está no coração da lei! Mas lembrem-se que, os demônios também creem assim, eles têm a mesma fé que vocês, e isto não os faz cristãos, servos, filhos e adoradores desse único Deus”.
Não podemos achar, que é o conhecimento doutrinário, que nos faz cristãos. Não podemos cometer o erro de pensar que porque somos capazes de expor, ou mesmo compor um credo ou uma confissão de fé teologicamente perfeita, isto nos faz filhos de Deus. Não é o conhecimento teológico, a correção doutrinária e o entendimento da Palavra de Deus que nos tornam diferentes dos demônios.
2) Demônios podem fazer milagres.
Certa vez ouvi de um pregador amigo meu: “milagre não é exclusividade do cristianismo”. E isso é um fato! Veja o que nos diz a palavra de Deus sobre isso:
“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos”. (Mateus 24.24).
“E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira”. (2 Tessalonicenses 2:8-9).
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. (Mateus 7:22-23).
Nas diversas religiões espalhadas pelo mundo, podemos ver pessoas experimentando “milagres”, “sinais” e “prodígios”, fruto das mais diversas entidades espirituais malignas. Na verdade para manter os homens no engano e longe de Deus, Satanás é capaz de lhes dar o mundo inteiro; tudo para que percam sua alma.
Sendo assim, também não são os milagres que nos fazem diferentes dos demônios. Não é porque oramos e vemos resultados, ou porque impomos as mãos e pessoas são curadas, que podemos nos autenticar como verdadeiros filhos de Deus. Demônios também fazem milagres. E ao ver, em nossos dias, tanta gente indo atrás destes sinais, porém cada vez mais distante de Deus, faço minhas as palavras do reformador Martinho Lutero quando este diz: “Qualquer doutrina que não se enquadre com as Escrituras Sagradas deve ser rejeitada, mesmo que através dela chova milagres.”
3) Os demônios podem fazer obras que aparentemente são boas.
Assim como faz milagres, para iludir as multidões, o inimigo de nossas almas pode realizar grandes “obras de caridade e misericórdia”. Na realidade suas obras podem fazê-lo parecer tão belo e bom quanto um “anjo de luz” (2 Coríntios 11.14). Aparentemente suas obras serão “maravilhas”, mas como são feitas para o engano e nunca para a Glória de Deus, aos olhos do Senhor são chamadas de iniquidade (Mateus 7.22-23).
Veja que assim como os milagres, também as “boas obras” não são uma exclusividade do cristianismo. Nós precisamos entender, que não é porque trabalhamos na igreja, ou porque somos ofertantes, dizimitas e assíduos em nossas obras sociais, que isso nos diferenciará do demônio.
4) A Marca do Cristão.
Se você acha que porque tem uma fé correta, opera milagres, e faz boas obras, isso te faz um cristão; lamentavelmente eu gostaria de te dizer, que essas coisas podem não te fazer muito melhor que os demônios.
Ou ainda, se você olha pra um líder espiritual e julga seu ministério pela eloquência de sua mensagem, pelos milagres que ele faz, pelas obras realizadas pelo seu ministério, e porque sua igreja está cheia; eu te afirmo, que você pode estar muito enganado. Na realidade pela graça do Senhor, muitos homens de Deus, tem em suas vidas estas qualidades: fé, eloquência na pregação, milagres, sinais, prodígios, obras, igreja cheia e multidões. Mas estes atributos não são exclusividades de homens de Deus. Também os demônios e seus profetas podem fazer isso tudo.
Meus irmãos, não estou aqui pregando que não devamos buscar ter conhecimento bíblico, teológico, ou doutrinário. Muito pelo contrário! Todo cristão deve conhecer e prosseguir em conhecer o Deus que se revela na sua palavra. Deve amar e meditar nas escrituras de dia e de noite. Também não estou dizendo que não devemos orar por milagres, e que é errado quando um milagre acontece. Acredito que os sinais seguirão aos que creem. Da mesma forma, não estou dizendo que você não deve praticar as boas obras, pois na verdade fomos chamados para elas (Efésios 2.10). Só afirmo aqui que tanto os ímpios, quanto os demônios podem ter estas características.
Dificilmente um pastor deixaria de receber como membro uma pessoa com tais qualificações. A maioria de nós seguiria um líder com estes atributos. E muitos se auto-enganariam achando estarem salvos por terem fé, doutrina, conhecimento, obras e milagres. Mas apesar destas coisas serem esperadas e desejáveis na vida de um cristão, não são elas a verdadeira marca de um filho de Deus.
Como disse anteriormente, Deuteronômio 6.4-5 nos chama a atenção, de que assim como temos que crer em um só Deus, da mesma forma amar a esse Deus: “Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”.
Essa é a grande diferença entre um cristão e os demônios. O demônio pode crer em Deus mas jamais amará ao Senhor. Todo o conhecimento que ele tem de Deus, jamais servirá pra despertar nele, sentimentos e afetos pelo Criador. Na realidade seu conhecimento, obras e milagres, são sempre voltados para fazer com que os homens se assemelhem a ele, e nunca venham a amar a Deus. Por isso Paulo nos diz:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”. (1 Coríntios 13:1-3).
Meus irmãos, Deus hoje te convida para que você examinar-se a si mesmo e que veja se em seu coração há amor pelo Senhor. Será que todo o conhecimento que você tem adquirido, te leva a amar mais a esse Deus, ou tudo que você quer é formar uma grande “enciclopédia do divino”? Será que quando você ora pela cura de alguém, sua motivação é para que toda glória seja dada a Deus, ou em seu coração tudo que você quer são as glórias para si mesmo? Será que quando você trabalha e realiza boas obras, tais feitos são feitos por amor ao Senhor e para o Senhor?
Costumo brincar com minha igreja dizendo que Deus possui um instrumento chamado “amorômetro”. Este instrumento fica bipando e quando encontra um coração apaixonado por Ele, o bipe dispara e soa com toda a força. Mas em alguns corações o bipe para, a ponto de pensarmos que o “amorômetro” quebrou. Bom se Deus passasse com este instrumento agora perto do seu coração, ele dispararia em bipes ininterruptos, ou pararia totalmente?
Ame ao Senhor! Cuide para que esse amor não se esfrie! Vá neste momento para o joelho, para oração, para a contrição. Sonde seu coração, examine seu amor. Se arrependa, clame por um despertamento, chore se necessário for. Mas ame ao Senhor, de todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. E lembre que o amor a Deus é sempre demonstrado e provado pelo amor que você tem pelo teu próximo. Jesus nos disse:
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. (Marcos 12:30-31).
Indo a Cruz Jesus demonstrou, que ao amar ao Pai, seu amor foi levado a cabo dando a vida pelos homens. O amor a Deus, jamais será um sentimento romantizado desvinculado de ações práticas. Aquele que ama, deve demonstrar isso amando e servindo o seu próximo. Amor que não se expressa em ações concretas, é um amor inexpressivo. Encerro esta reflexão com a palavra do Senhor que nos diz:
“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?
E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão”. 1 João 4.20-21.
No amor de Jesus Cristo:
Pr. Artur Filho.

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